Um acontecimento inesperado | *** | ||
Válido durante muitos meses : É provável que você esteja com os nervos à flor da pele, simplesmente por não conseguir assimilar as experiências na velocidade em que estão acontecendo neste momento. Estando ciente disso, poderá tratar as pessoas com mais consideração, sem deixar que sua própria insatisfação interfira no processo. Se conseguir compartilhar com sua parceira os sentimentos mais íntimos, conseguirá usar esta fase de uma maneira construtiva. Provavelmente você não está tão só quanto às vezes imagina. Todos, inclusive seus familiares, amigos e colegas de trabalho, têm de aceitar a perda de ideais e valores que mudam. Libertando-nos conscientemente de nossas antigas feridas pessoais, seja através de alguma forma de terapia ou despertar espiritual, abrimos espaço para um novo senso de responsabilidade perante a humanidade como um todo. Só assim podemos abrir horizontes que nos permitam ver o que há de errado no mundo. A luta pela liberdade pessoal sempre está intimamente associada às condições da sociedade em que vivemos. Portanto, agora é importante colocar seu potencial criador a serviço de uma comunidade mais ampla. Isso pode acontecer através da associação a um grupo ou projeto que apóie os direitos humanos, os excluídos da sociedade ou o meio ambiente. Você poderia inclusive ajudar as pessoas falando-lhes sobre suas próprias experiências de cura e renovação. A forma de ajudar não tem importância; o que importa é que você veja a sua própria vida dentro de um contexto mais amplo, de modo que seus ideais e convicções ganhem mais destaque. | |||
Trânsito selecionado para hoje (pelo usuário): Urano Conjunção Quíron, Período ativo desde 23 Abril 2010 até o final de Março 2011 |
O mestre Zen Hakuin é um daqueles raros florescimentos. Um guerreiro veio vê-lo, um samurai, um grande soldado, e ele perguntou: “existe algum inferno, algum paraíso? Se há um paraíso e um inferno, onde ficam os portões? Por onde posso entrar? Como posso evitar o inferno e escolher o paraíso?”
Ele era um simples guerreiro. Um guerreiro sempre é simples, do contrário não poderia ser um guerreiro. Um guerreiro só conhece duas coisas: a vida e a morte. Sua vida está sempre em jogo, está sempre apostando: é um homem simples. Não veio aprender uma doutrina. Ele queria apenas saber onde estavam os portais para que pudesse evitar o inferno e entrar no paraíso. E Hakuin respondeu de um modo que só um guerreiro podia entender.
O que fez Hakuin? Ele disse: “Quem é você?”
E o guerreiro respondeu: “Sou um samurai.”
No Japão, ser um samurai é uma grande honra. Significa ser um guerreiro perfeito, um homem que não hesita um único momento para dar sua vida. Para ele, vida e morte são apenas um jogo. Ele disse: “Sou um samurai. Sou o líder dos samurais. Até mesmo o imperador me respeita.”
Hakuin riu e disse, “Você, um samurai? Mais parece um mendigo.”
O orgulho do samurai foi ferido, seu ego pisoteado. Ele se esqueceu para que tinha vindo ali, puxou da espada e estava prestes a matar Hakuin. Esqueceu que tinha vindo até esse mestre para perguntar onde estava o portão do paraíso e o portão do inferno.
Hakuin riu e disse: “Este é o portão do inferno. Com essa espada, essa raiva, esse ego, assim se abre o portal.” Isso é algo que um guerreiro pode entender. Ele imediatamente compreendeu: esse é o portal. Ele guardou sua espada.
E Hakuin disse: “Aí está o portal para o paraíso.”
Inferno e céu estão dentro de você, ambos os portais estão em você. Quando você se comporta inconscientemente, aí está o portal do inferno. Quando você está alerta e consciente, aí está o portal do paraíso.
O que aconteceu a esse samurai? Quando ele estava prestes a matar Hakuin, estava ele consciente? Estava consciente do que ia fazer? Estava ele consciente do que tinha vindo fazer? Toda consciência havia desaparecido. Quando o ego toma o controle, você não pode permanecer alerta. O ego é a droga, o tóxico que lhe faz completamente inconsciente. Você age, mas a ação procede do inconsciente, não da consciência. E sempre que algum ato procede do inconsciente, a porta do inferno é aberta. O que quer que faça, se você não estiver cônscio do que está fazendo, o portal do inferno se abre.
Imediatamente o samurai ficou alerta. Subitamente, quando Hakuin disse: “Este é o portal, você já o abriu”. A própria situação deve ter criado atenção. Por pouco, a cabeça de Hakuin não foi decepada. Um simples momento mais e esta teria sido separada do corpo. E Hakuin disse: “Esse é o portal do inferno.”
Esta não é uma resposta filosófica. Nenhum mestre responde de um modo filosófico. Filosofia só existe para os medíocres, mentes não-iluminadas. O mestre responde, mas a resposta não é verbal, é total. Que esse homem podia tê-lo morto não é a questão. “Se você me matar e isso lhe tornar alerta, então vale a pena.” Hakuin arriscou tudo.
Isso deve ter acontecido com o guerreiro: parado, espada empunhada, com Hakuin bem diante dele – os olhos de Hakuin sorridentes, a face risonha, e o portal do inferno aberto. Ele entendeu: A espada voltou para a bainha. Enquanto punha a espada de volta na bainha, ele deve ter ficado totalmente silencioso, em paz. A raiva tinha desaparecido, e energia que se movia na raiva tornou-se silenciosa.
Se você, de repente, desperta em meio a raiva, você irá sentir uma paz que nunca sentiu antes. A energia movia-se e, subitamente, ela pára – você terá silêncio, silêncio imediato. Você irá cair no seu ser interior e, a queda será tão repentina, você ficará consciente.
Não é uma queda lenta. É tão repentina que você não pode permanecer inconsciente. Você só pode ficar inconsciente nas suas tarefas rotineiras, nas coisas graduais. Você se move tão lentamente que não pode sentir o movimento. Este movimento foi repentino – da atividade para a não-atividade, do pensar para o não-pensar, da mente para a não-mente. Enquanto a espada retornava para a bainha, o guerreiro compreendeu. E Hakuin disse: “Aqui está os portais do paraíso.”
O silêncio é a porta. Paz interior é a porta. Não-violência é a porta. Amor e compaixão são os portais.